Ah, mulheres com poder, no poder…
Ah, mulheres com o saber, o querer…
Ah, mulheres mais autoconfiantes…
Ah, mulheres mais, de si, dominantes…

Jovens, afoitas, oscilantes
Três, protagonistas, vibrantes
Belas, padrões, desinteressantes
Comerciais, eficazes, confortantes
Sem atrito, sem risco, amplo alcance
Sem identidade… Generalidade? Bastante!

Um ambiente profissional ideal, brilhoso
Atitudes não tão condizentes, eloquentes
Roteiro que pede descrença quase sempre
Tentativas de chocar de cunho bem preguiçoso

Personagens que cumprem cotas, não todas
Personagens ligeiramente diferentes, não à toa
Personagens magras e descoladas, mistura insossa

A vilã não é vilã e ainda assim consegue ser qualquer
A força que aconselha e só serve para isso mesmo
A figura mais velha e experiente e quase impaciente
Aquela que ameaça, mas nunca alfineta realmente

O intuito, por baixo, é louvável
A execução? Superficial, indefensável
Até o trabalho mais distintivo é raso
Tudo é muito simples, mágico, prático
Glamoroso ao máximo, super romantizado

Mesmo se considerarmos o público alvo
A proposta do canal e o raio do seu escopo
Não é possível não ficar querendo mais algo
Porque falta relevância nos processos todos

O ativismo é feito para parecer fácil
Apenas outrora tem dimensões realistas
Na maior parte do tempo é mero e barato
Apesar de sua roupagem materialista

Talvez funcionasse melhor menor
Como comédia de vinte minutos
Porque esticar para demais divagar
É o um dos truques mais fajutos

Venhamos e convenhamos
Adolescente não é tão burro
Mas pode se deixar influenciar muito
Por mensagem de tão pobres pilares
Pode se acostumar com poucos detalhes
Pode se desmotivar pela distância da veracidade
Porque entretenimento que não sabe ser sólido
No mínimo não merece o reflexo em nossos olhos
Ao invés de servir para abrir mais mentes e corações
Veste a camisa feminista para fortalecer sorrateiros padrões

E quando acertam o chute, ele é esperado
Logo, sem nenhum genuíno impacto
E quando fazem a ligação circular nada inventiva
Já têm desperdiçado a revelação da motivação fatídica
E quando se propõem a ir além de um conjunto de discursos vazios
Tecem razões entre engrenagens, gestos e personalidades frios

Trilha sonora que não diz nada?
Fotografia sem contrastes básicos?
Texto ágil, inteligente e adequado?
Química consistente e atuações equilibradas?
Diálogos envolventes e pertinências bem distribuídas?

Partem do familiar sem reinventá-lo
Apenas o utilizam sob textura exagerada
Não revoltam, não distorcem o suficiente
Não mostram atmosfera menos excludente
Conservam o apreço pela supremacia da mídia
Tornando centrais e vulneráveis peripécias egoístas

FreeForm pisando em mais um pequeno buraco
Fazendo mais errado do que certo, de novo
Ficando na área cinza e agonizante, de novo
Apostando em talentos e temáticas saturadas
Enaltecendo a cidade que sempre é bajulada
FreeForm, ao invés de progressivo, estático
Audácia só na embalagem. E o conteúdo?
Conteúdo diluído no que o afasta de ser astuto
O conforto gera lucro. Isso é sempre tudo?