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By Jô

Esmiuçando qualquer coisa especial

mês

novembro 2018

Testando, Textando (30/30)

Nem a opção
Nem a abertura
Liberdade é loucura
Mera exibição
De ninar, chacota

Nem paciência
Nem compreensão
Para… tá feio… tá sem nexo…
Crer é, em si, ilusão

Ninguém diz
O que tanto falta
Meia dúzia de palavras
Nem precisam ser afagos
Apenas certificados
De há, sabe, algo
Além do que está dado

Nem é pedir demais
Nem peço, nem ouso
Ninguém respeitaria
Ninguém respeita…
Nem é nada demais
Nem é nada, mas…
Faz uma falta danada

Nem uma fenda
Nem uma referência
Nem uma tranquilidade
O campo é minado
O topo só fica mais alto
E eu, mais eu, mais desajustado
Sem em quem me apoiar
Me desencontro insatisfeito
Faço por fazer
E o querer…
Quero o fazer valer

Sigo, comigo
É bem difícil
Ser meu amigo
Quando todo indício
Nada sútil ou terno
Me manda ficar esperto
Andar na linha
Senão vou pro inferno

Testando, Textando (29/30)

E, desde de manhã
O excesso de um
Virou o do outro
Antes era tanto
Agora tão pouco
Controle, consolo
Tensão, preocupação
Fivelas no coração

Meu corpo
Novo escopo
Velho casco
Parece novo
Tão longo
Tão flexível
Compreensivo
Não compreendo
Como posso
Ser tão leve
Tão capaz
A tal ponto
De tropeçar
E não cair
De chorar
E não borrar
De gritar
E não perder a voz

Mais pouco
E eu transbordo
Não preciso mais
Agora sou tempestade
Antes era só o copo
E não me basto
E não me puno
E não paro
Cada toque é um impulso

Como nunca
Leveza na nuca
Dedilhando nada
Nenhum neurônio em brasa
Nenhum futuro presentificado

Quase flutuo
Sinto sentir tudo
Naturalmente astuto
Sobra-me intuito

Testando, Textando (28/30)

Tem gente pedindo
Tem gente pedindo
Um pouco de si
Entre as lágrimas
Entre os ônibus
Entre os prazos
Entre os sonhos

Tem gente perdendo
Tem gente se perdendo
E também o ônibus
E também as pausas
E também o tempo
E também o sono

Tem gente querendo
Tem gente não se querendo
Como o seu Deus o fez
Como sempre tem sido
Como é fundo o abismo
Como o espelho é terrível

Tem gente sorrindo
Tem gente partindo
Dessa para nenhuma
De agora para nunca mais
Dessa mesmice para aquela
Tem gente finalmente
Nada mais do que existindo

Testando, Textando (27/30)

E se fosse fácil
Ninguém quereria
Não teria freguesia
Se não fosse sofrimento
Não haveria comoção
Nem toda essa atenção
Livros e podcasts dedicados
Palestras, charlatões engomados
Não seria tão fácil ser enganado

E se o oposto não existisse
O preço nunca seria tal alto
Ninguém levantaria o braço
Suplicando por mais um pouco
Ninguém se entregaria ao sufoco

Se não fosse a dor e a depressão
O silêncio da cruel insatisfação
A constância da banal frustração
A felicidade, coitada, nada valeria
Seria só mais uma flor numa manhã fria
Coberta mediocremente pelo orvalho
Esperando o vento e o sol secá-la
Não seria tão distante, tão adorada
Talvez, ora ou outra, até pisoteada
E ao invés de escape, pausa nos traumas
Seria insossa planície de paz na alma

Testando, Textando (26/30)

Relaxe
Respire
Reflita
Renasça

De pedaço
Em fracasso
Do fim
Da constância
Da ânsia, angústia
Das certezas, a última

Queira não se querer demais
Seja menos homem, rapaz
Seja mais vivo, tanto faz
Não há nada, mas há paz

Sinta-se vibrar, ranger
Estourar, deixe-se conhecer
Ouça a pele estilhaçar
Beba o néctar sem gosto
Flutue para além do agora
Não pense em outrora

Exista porque existe
Respiração toma tudo pra si
E, sem telas e atrasados e adiantamentos
Sem degraus, sem portas, só em si mesmo
Respire, relaxe, reserve-se por um momento

Testando, Textando (25/30)

As sobras dessa promessa
São todos perversos
Lembretes das que se foram

As coisas que se tem à beça
Não cabem nos becos
Nos quais nos fingimos de morto

Ninguém é real o bastante
Para despertar o gigante
E deixar o sangue ferver

Imensas hipocrisias
Doces e fáceis alegrias
Pedaços inúteis de prazer

Eu só queria um abraço
E agora, só me resta um pedaço
Desse meu infame querer

Eu só disse uma palavra
Mas toda ela se espedaça
Logo após ser lançada
Sem o mundo a acolher

Testando, Textando (24/30)

Há ciclos
E vícios
E resquícios

Precipitamos tanto
Caindo de precipícios
Aqueles que inventamos

Tolos, ficamos tontos
Com os embalos e enganos
Das dúvidas sem alicerce
Vindas do medo que persegue
Toda coisa que ousa
Ser meramente especial
Todo elo que é esperto
E se forma por ser à toa
Sem vigília, sem antecipação
Fruto honesto, doce, sereno
Café quentinho, travesseiro fofinho
Afago, válvula de escape do coração

Testando, Textando (23/30)

É só um apelido
Mas não é só isso
E não se dá atenção
Até se dar demais
Quando já não serve mais

Machucam mais
Do que os ouvidos
O momento
Criam um abismo
E não, não é só isso

É pelo ralo
O pouco e ralo
Senso de pertencimento
Se esvai, leva consigo, o menino
Traz o perigo, constrói o sofrido

Ele não é só gay
Não é só bicha
Não é só baitola
Não é só boiola
Não é só fresco
Não é só viado
Não é perdoado
Não é culpado
Condenado

Testando, Textando (22/30)

Não tem problema?
A gente vale a pena?
Pode ser o que eu queria…
Pode ser rio, pode ser balde
E água pode estar fria

Decepção, primeira não seria
Mas a dor, ah que dor eu sentiria…
Se a porta que nem sei se está aberta
Se fechasse e não fosse mais bela

Os sorrisos são para mim?
Os sorrisos são comigo?
Os sorrisos apenas são?
Os sorrisos são indícios?

Mais perto para me ouvir?
Mais perto, mais de mim?
É só para me compreender?
É para conosco se conhecer?

E se não for
O que penso
Não vamos
Aonde espero
E se eu tiver
Que me despedir
Da expectativa
Que não seja fácil
O ato de partir

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