Um besouro preto
Do qual já tive medo
Do qual nutri raiva
E mantive em segredo
Sobrevoa minha cabeça
A zunir e a me roubar
Do que eu me dei
Meu pai dá um OK
E uns dez reais
E eu baixo a cabeça
E eu baixo a cabeça
E eu me calo
E o besouro zune
O besouro faz
A vontade de meu pai
Não dói uma dor
Fácil de gritar
Então fecho os olhos
Para pedaços de mim
Não cairem e doerem
Mais de uma dor
Todo mês, sem falta
Todo mês, sinto falta
De poder me escolher
De poder me viver
Para além dos míseros
Permitidos centímetros
Aos quais teimo e padeço
Me apego e me mutilo
Eu deixo meu pai satisfeito
Eu deixo o besouro ir e vir
Eu deixo condenarem os inocentes
Fios de um cabelo proibido de se amar
Temo nunca crescer
Nunca deixá-lo crescer
Nunca me reconhecer
Sempre ser pequeno demais
Se pudessem
Cortariam
Meus lábios
Meu nariz
Mais