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By Jô

Esmiuçando qualquer coisa especial

mês

setembro 2019

Num passe de amor próprio

Só foi eu me tornar agnóstico
Os pesadelos se dissiparam
Pude me mexer algo acordar

Só foi eu deixar meu cabelo crescer
Meu espelho parou de me bater
Meus olhos para mim brilharam

A culpa é dor que perdura
A feiura é reflexão suja
Me disseram tanto
E eu custei a me escutar
Não foi tarde demais
Decidi crer em mim
Decidi crescer em mim
Quis ir, decidi ficar

Primeira, minha

Uma parte de mim
Naquela embriaguez debutante
Era mais real, enfim
Mais meu do que tudo antes

Um beijo gelado
De um whisky qualquer
Eu em teus braços
Chamegos de colher

Bem que eu não planejei
E por isso que deu certo
Você faceiro e esperto
Nossa primeira linda se fez

Mesmo me entregando, eu era meu
Porque me escolhi ser teu, ali
E você me pegou porque eu te quis assim
Nos roubando, só que do mundo
Nos presenteamos um ao outro

A primeira vez com consentimento
A gente torce para não esquecer
Para não esquecer como é
A gente torce para lembrar
Para lembrar como tem que ser

Besouro

Um besouro preto
Do qual já tive medo
Do qual nutri raiva
E mantive em segredo
Sobrevoa minha cabeça
A zunir e a me roubar
Do que eu me dei

Meu pai dá um OK
E uns dez reais
E eu baixo a cabeça
E eu baixo a cabeça
E eu me calo
E o besouro zune
O besouro faz
A vontade de meu pai

Não dói uma dor
Fácil de gritar
Então fecho os olhos
Para pedaços de mim
Não cairem e doerem
Mais de uma dor

Todo mês, sem falta
Todo mês, sinto falta
De poder me escolher
De poder me viver
Para além dos míseros
Permitidos centímetros
Aos quais teimo e padeço
Me apego e me mutilo

Eu deixo meu pai satisfeito
Eu deixo o besouro ir e vir
Eu deixo condenarem os inocentes
Fios de um cabelo proibido de se amar

Temo nunca crescer
Nunca deixá-lo crescer
Nunca me reconhecer
Sempre ser pequeno demais

Se pudessem
Cortariam
Meus lábios
Meu nariz
Mais

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