Meu medo, hoje, não prosperou
Esta não é outra mensagem de esperança
É relato de renovação de esperança

O convite surgiu
E, de novo, aceitei
Não só aceitei
Me joguei
Me entreguei
Com o medo
Menos do que esperava
Com excitação
Mais do que imaginava
O sabor do vento no rosto
O toque das cores no pescoço
O grito da porta de casa ao fechar
O canto da porta da rua ao abrir
Me chamaram, pelo apelido
Pelo nome com qual sonho
Havia, toda faceira, companhia
Como em nenhum delírio
Nem nos mais brilhantes
Nem nos mais depressivos
Uma amizade jovem, em botão
Um elo delicado, cheio de emoção
Bobagens e monstruosidades
Ambas derrotamos só por estar lá
À noite, no frio, sob a garoa, abraçados
De tudo que passava e virava sátira
Minha presença é a mais implícita
A que me mais me trazia paz
E ao mesmo tempo me incendiava
Me limpando do que abandonei
Da segurança que podava minha graça

E a liberdade deixou de ser utopia
E a simplicidade deixou de ser distante
E a ida deixou de ser inviável
Nem percebi, me deixei alegrar
Perdi as rédeas do temor
As estrelas dançaram
A lua passeou
A gente foi
Eu fui
A regra mudou
O padrão caiu
O olho radiante
A pele arrepiada
A pressa de criança
A noite desengonçada
Sem perímetro de mesmice
Sem rotina melancólica
Só banalidade, só novidade
Capítulo sapeca da estrada

Foram-se os anos obscuros
Aqueles que já não voltam
Agora as páginas são outras
Requerem menos remorso
A tinta é livre de correntes
Toda forma de aventura é bem-vinda
Toda risada é uma risada
Toda ida é uma vitória
Toda escapada é válida